31/08/09

Simones "From the Electric Cornfield"



This album was recorded for the joy and love of music as an art, and was not entended, or formulated for mass appeal” ( Al Simones, do “insert” que acompanha “From the Electric Cornfield” )



Antecipando o período de catarse e disparate colectivo que se aproxima : 1) reedição massiva dos discos dos Beatles, 2) Eleições I e Eleições II, onde os caixeiros viajantes dos diversos interesses, mesmo aqueles que juram combater todos os interesses instalados, vão continuar a insultar a nossa inteligência tentando tomar-nos por tolos e, por fim, tipo cereja no bolo, 3) a habitual histeria natalícia, - o Atalho tomou precauções e tratou de obter a recente prova de vida do mais conhecido dos músicos desconhecidos do Ohio: Al Simones.

Falo de “From the Electric Cornfield” um disco que põe fim a um silêncio que durava desde 2005, data em que Al colaborou no projecto Many Bright ThingsMany bright friends”, idealizado e colocado em prática por Stan Denski com a ajuda de Nick Saloman (Bevis Fond), Jello Biafra (Dead Kenndys) e Alicia Sufit (Magic Carpet), entre outros.

De então para cá, uma doença fê-lo enfrentar um internamento hospitalar. Em paralelo teve ainda de lutar para não encerrar a sua loja de discos, a Purple Phrogg Records. Pelo meio, sempre que podia, juntava os Cosmonauts (Kevin Chatan, Andy Conrad e Rich Karlis ) no espaço de gravação que construiu e a que chama Electric Cornfield.

Aí Al está como peixe na água e, não sendo um músico profissional, não se encontra sujeito a pressões de nenhum tipo ( grava por gozo quando quer, como quer, com quem quer ), um pormaior que é tão evidente neste disco como já o era nos três anteriores.



Grosso modo, “From the Electric Cornfield” não é muito diferente de “Corridor of dreams”, Enchanted forest” ou “Balloon ride”. Falamos de “D.I.Y. acid rock” protagonizado por uma guitarra psicadélica ( desculpem o óbvio pleonasmo ) que nos transporta para galáxias hendrixianas onde com facilidade falta o fôlego.

Seja nos temas previamente escritos seja naqueles outros que nasceram improvisados em estúdio, as vibrações são intensas e proporcionam verdadeiros momentos de antologia. Como em “Rubber Gazebo”, “Kaleidoscope girl”, “Mars” ( uma concisa e incendiária reprise de “Song from Mars” do anterior “Balloon ride” ), ou “Welcome to the Astral Plane”, longa dança cósmica onde Al homenageia a guitarra psicadélica americana, de Hendrix a Cipollina ou de Mad River a Randy California, para citar apenas quatro referências consensuais.

Sintetizando: existe em “From the Electric Cornfield” mais autenticidade num riff que em todas as canções dos novos grupetos “darlings” da crítica ( Black Mountain, Vetiver, Artic Monkeys, Vampire Weekend, etc ). Não será certamente um disco perfeito do ponto de vista da composição e denota algumas deficiências na captação e produção do som. Mas é também por aí que passa todo o seu encanto. Para além da certeza que não iremos ouvir algo tão verdadeiro e espontâneo nos tempos mais próximos.

No fundo, este é um daqueles discos que justifica a existência do Atalho…


Nota: “From the Electric Cornfield” não se encontra à venda nos locais habituais. Para obterem uma cópia, os interessados deverão contactar o autor em starbelly58@yahoo.com . Sugere-se que o façam quanto antes pois a edição em vinil, limitada a 285 exemplares, deverá esgotar rapidamente.