13/04/24
Lost Nuggets ( 184 )
04/04/24
Lost Nuggets ( 183 )
Lorival Silvestre: composição, voz, guitarras e sintetizador; Silvia Beraldo ( flautas ), Fernando Falcão ( percussão ), Maria Amélia Martins ( piano ).
Captação sonora: Alain Renaud e Richard Pinhas
Misturas: Richard Pinhas e Lourival Silvestre
Produção: J. C. Jourdy
Capa: foto de Sartori
25/03/24
Lost Nuggets ( 182 )
22/03/24
Jardins do Paraíso ( 83 )
Um iconoclasta, John St.Field pseudónimo de Jackie Leven ( solo, Jackie Balfour, Sir
Vincent Lone, Doll by Doll ) gravou “Control” entre os anos de 1971 e 1972.
O álbum, no qual colaboraram músicos dos Man e cantora Juliet
Lawson, só seria publicado três anos após, em Espanha onde então o músico
escocês residia.
A edição foi escassa. Por via disso e fruto das suas peculiaridades,
“Control” rapidamente se transformou num objecto de culto e profusa procura.
Agora, luxuosamente reeditado em vinil ( em Espanha
curiosamente ) o álbum está finalmente disponível a um vulgar cidadão sem que
este seja obrigado a despender valores absurdos por um original.
Perguntarão, vale a pena o investimento? Absolutamente. Não
sendo uma “progressive, psychedelic folk
masterpiece” como bastas vezes o pintam, “Control” é um álbum que merece a
devida atenção.
Trata-se de um trabalho sensorial ( escute-se “Dune voices” ),
aqui e ali de uma beleza extrema ( “Sleeping in Bracken” , “Raerona” ), criado
no rasto dum período de grande turbulência então vivido pelo autor e reunindo os
cacos daí resultantes.
Não constituirá um conjunto de canções para todas as horas
nem para todos os dias. Porém o facto de se encontrar finalmente disponível,
permite que sejamos nós a escolher o dia e o momento mais adequado para o
revisitar.
27/02/24
Brown Horse "Reservoir"
“From 1999 to 2004 / I was stealing horses / You weren’t
even born / But I heard you on the radio late last night / Singing an old
Jimmie Rodgers song …” ( in “Stealing Horses”, “Reservoir”)
Não sendo adepto e muito menos militante do clássico “no meu tempo
é que era bom”, admito sem rebuço a escassez de pachorra para ir acompanhando a
profusão de mediocridades que empenhados “caixeiros viajantes”, nos media e
redes sociais, procuram vender como se tratando do último upgrade aos Jardins Suspensos da Babilónia.
A redenção será por estes dias inalcançável, porém a
esperança resiste, estoica, esporadicamente suportada numa realidade cúmplice.
E aqui chegamos a “Reservoir”, o álbum estreia dos Brown
Horse, uma banda oriunda de Norfolk no leste de Inglaterra. Um detalhe nada
despiciendo, uma vez que ao escutar os primeiros acordes do acima citado tema
de abertura, o ouvinte pode ser tentado a presumir que a origem se encontra na
cidade de Norfolk, mas na Virginia.
“Stealing Horses” encanta e hipnotiza, o mesmo sucedendo com
a generalidade dos restantes temas que compõem “Reservoir”.
Os textos, a excitante descoberta das vocalizações de Patrick
Turner ( como em Dylan ou Petty a voz é um instrumento; as palavras são ditas/sugeridas
num murmúrio onomatopaico que recruta a atenção do ouvinte magnetizando-o ), melodias,
arranjos …, somam-se num corpo harmonioso que se projecta para além do tempo,
de qualquer tempo.
Sedeado algures entre o “alternative country” e o “americana”,
“Reservoir” não inclui um tema supérfluo. Por cima de guitarras laid back, o
acordeão e a lap steel são protagonistas em “Steeling Horses”, na canção título
e em “Called away”. “Outtakes” por seu lado configura um mini-épico que Jason
Molina não desdenharia ter escrito, preenchendo o pódio onde já se encontravam “Steeling
Horses” e “Reservoir”.
Por agora, os Brown Horse são pequenas silhuetas na paisagem
musical dos eleitos. Buscam a modernidade enquanto convocam a tradição. Mais,
muito mais do que nos dias de hoje seria razoável exigir. Veremos no futuro.
No entretanto, dificilmente escutaremos algo semelhante nos
próximos tempos.
10/02/24
Welcome to Compiland
No decorrer de 1959 Loukas e
Margaret Matheou adquiriram em Londres, no número 49 da Greek Street. No imóvel
projectavam estabelecer um restaurante especializado em comida, não grega mas
francesa. Nos anos que se seguiram e à medida que o negócio fluía, concluíram
que o espaço era excessivo para um restaurante. Implementaram alterações, lançando
os alicerces para um clube cujo objectivo seria a promoção e divulgação das
músicas folk e blues, à época géneros predominantes nos finais de tarde do
Soho.
Ainda que sem licença para a
actividade, “Les Cousins, Club Continental” abriu as portas no dia 4 de Outubro
de 1964, tendo encerrado cerca de seis anos depois em Abril de 1972. Durante o
período foi um porto ( palco no caso ) seguro para a grande maioria dos
talentos que focados nas linguagens folk e blues, demandavam reconhecimento e
sucesso no então artisticamente efervescente bairro londrino.
Americanos: Paul Simon. Tim
Hardin, Tom Rush, Spider John Koerner,
Derroll Adams, Jackson C. Frank, Dave Van Ronk, Julie Felix; britânicos: de
Bert Jansch a Nick Drake, passando por Sandy Denny, Cat Stevens, Wizz Jones, Shirley
Collins, Al Jones, Keith Christmas, Watersons, Shelagh McDonald, Martin Carthy,
Kevin Ayers, Ian A. Anderson, John Martyn, Anne Briggs, C.O.B., Alexis Korner,
Roy Harper, Bridget St. John, Plainsong, Nadia Cattouse … entre muitos outros, figuram
entre os nomes documentados como tendo actuado no Les Cousins.
A compilação “Les Cousins, The
Soundtrack of Soho’s Legendary Folk & Blues Club”, curada e magnificamente anotada
por Ian A. Anderson, oferece 62 temas de um igual número de artistas.
Não constituindo embora uma total revelação para os que se interessam pelos géneros musicais em análise - ainda assim e como seria expectável, existem aqui algumas muito agradáveis surpresas ; a título de exemplo relevam-se “Leaf without a tree” de Sam Mitchell apenas publicado na compilação da Music Man “Firepoint, A Collection of Folk Blues Tracks”, “Bye Bye Bohemia” de Tom Yates ou “Memory Book” de Mudge & Clutterbuck, publicado num EP raríssimo da Saydisc em 1968 - , é todavia uma delicia do primeiro ao sexagésimo segundo tema.
Depois das séries “Pebbles” e, sobretudo, após a mítica “Nuggets, Original Artyfacts from the First Psychedelic Era 1965-1968”, resta pouco espaço para compilações com vista para o garage / fuzz norte-americano daqueles anos. No entanto, mais ou menos interessantes, continuam a proliferar validando e eternizando um género que se reconhece importante embora frequentemente sobrevalorizado.
“Pushin’ Too Hard, American
Garage Punk 1964-1967” é mais um desses exemplos. Porventura demasiado
optimista: 94 temas ( 31 no CD1, 32 no CD2 e 31 no CD3 ) maioritariamente em
mono ( apenas 7 versões stereo ), revela algumas contraindicações. A saber: a) os
textos das sempre necessárias e interessantes notas do booklet estão impressas em
tamanho minúsculo, facto que os nossos olhos, já com bastante mais passado do
que futuro, não apreciam especialmente; b) ainda que enérgicos mas genericamente
carecendo duma sofisticação que sempre dá algum jeito, à medida que a audição
vai decorrendo, a sensação que emerge é a de que os temas apresentam poucas
diferenças entre si.
Exceptuam-se aqueles que deixaram
para trás as óbvias influências da “british invasion” ( Kinks, Yardbirds, Rolling
Stones, Pretty Things, etc ) prevalecendo
aqueles outros verdadeiramente bafejados
pelo talento dos seus autores. Falamos de clássicos como os Remains, Seeds,
Beau Brummels, Paul Revere & The Raiders, 13th Floor Elevators, Electric
Prunes, Shadows of Knight,, Sonics, Standells … ou de magníficas surpresas como
The McCoys, Fenwyck, The Leaves, The Bees The Squires, The Liberty Bell, The
Zakary Thaks ( conferir a compilação publicada em 1982 “Liberty Bell / Zakary
Thaks, Texas Reverberations” ), Thursdays Children ( o excelente “You can
Forget about that” pode também ser encontrado em “Never Ever Land, Texan
Nuggets from International Artists Records 1965-1970” ).
Resumindo, ambiciosa em demasia e
exagerando na arqueologia, “Pushin’ Too Hard” é uma daquelas compilações que
tem como alvo principal os convertidos, marginalizando os neófitos
eventualmente interessados no saudável exercício de iniciação ao género.
O universo das “private pressings”
- álbuns compostos, interpretados, gravados e usualmente publicados num registo
DIY pelos próprios artistas ou por uma editora amadora - , constitui, já o referimos anteriormente no Atalho, um espaço
apaixonante, inesgotável e em permanente registo de descoberta. O senão, nada despiciendo,
prende-se com o facto de as edições serem por razões compreensíveis muito
limitadas, logo muito raras e como tal dispendiosas.
“One Mile From Heaven” propõe-nos
duas dezenas de canções retiradas de outros tantos álbuns de artistas norte-americanos
e canadianos, os quais por razões conjunturais ou por pura convicção recusaram
os ditames da indústria, optando por perpetuar a sua música através das ditas edições
privadas.
Exclusivamente focada na década de 70, “One Mile From Heaven”, aborda o nicho dos “singer-songwriters”. O bom gosto que resulta da selecção é superlativo, sendo irrelevante se raízes emergem das sofisticadas Nova Iorque, Los Angeles, Lauren Canyon ou Vermont, ou das rurais Illinois, Indiana, Utah ou Minnesota.
Alguns dos nomes propostos são já
medianamente conhecidos ( Gary Higgins, Bob Trimble, Bob Patterson, Jim
Sullivan, Merrell Fankhauser, Michael Yonkers ), a maioria todavia constitui
uma estimulante descoberta.
Alicia May com “Summer days”, um título delicioso com a voz da autora a hesitar entre as performances vocais de Joni Mitchell e Margaret Morgan dos These Trails; os irmãos Chuck & Mary Perrin e o seu folk rock melancólico; Dan Modlin & Dave Scott cujo álbum “The train don’t stop here anymore” é um dos melhores discos publicados no Indiana; o folk-rock de Billy Hallquist e de Richard Goldman; os arranjos de cordas no tema “More Beautiful” de Naomi Lewis; as óbvias influências “Veedon Fleece” em “In The Sun” o título do canadiano de origem goesa Carm Mascarenhas; o psych-folk de Olav Rixen & Ulrich Fausten, dois alemães radicados em Vancouver …
“One Mile From Heaven” fornece um manancial de pistas que os amantes do género retratado seguramente agradecem. Tão cedo vai ser difícil encontrar uma compilação tão bela e equilibrada quanto esta.
27/01/24
Lost Nuggets ( 181 )
04/01/24
Large Plants "The Thorn"
Hoje, seja qual for o ângulo de abordagem, não é mais possível ignorar o trabalho de Jack Sharp.
Dito isto, o Atalho apreciava-o muito mais quando Richard
Thompson constituía a principal referência.
Foi assim quando liderou os Wolf People e foi assim quando,
de forma mais ténue é verdade, assinou o primeiro trabalho a solo, “Good times
older”.
A revisão de “La Isla Bonita” da Sôdona Madonna não foi um
bom augúrio, fosse qual fosse a perspectiva do ouvinte e o álbum “The carrier”,
já sob o non de plume Large Plants, ter-se-à ressentido disso mesmo. Vale o que
vale, mas é a opinião do Atalho.
Face aos parâmetros em vigor nem se trata de um mau disco e
as preocupações ecológicas são sempre bem recebidas. Está contudo mais perto de Wishbone Ash, Uriah
Heep e Black Sabbath que de Fairport Convention ou Trembling Bells. O que em si
mesmo não tem nada de especialmente negativo. Simplesmente não foi nada disto
que o dealbar da carreira do autor nos tinha prometido.
Adiante …
31/12/23
Lost Nuggets ( 180 )
25/12/23
Lost Nuggets ( 179 )
22/12/23
Record Files ( 30 )
Produto de uma época onde todas as inovações eram possíveis e
todas as metamorfoses valorizadas “Soundtrack”, o primeiro álbum dos Principal
Edwards Magic Theatre ( como o nome deixa antever, um colectivo de cantores,
músicos, bailarinos, autores, coreógrafos e designers ) é uma experiência musical
única que, suspeita-se, terá sido ainda mais intensa quando conjugadas em palco
as vertentes sonora e visual.
Entre o folk acústico, o medieval e o heavy-rock, perfila-se uma
intrigante complexidade que o progressivo um pouco mais tarde viria a
modelar.
Aqui e ali, a voz de Vivienne McAuliffe lembra Celia Humphris, facto que deve ter
contribuído para a cantora vir a integrar os Affinity após a partida de Linda
Hoyle.
Produzido por John Peel e publicado no Reino Unido em
Dezembro de 1969 através da sua Dandelion Records, “Soundtrack” seria também objecto
de edição americana. Aí, a capa, pavorosa, presume-se que pretendia replicar um néon,
mas pouco ou nada deve ter acrescentado ou contribuído para a divulgação e sucesso
do álbum.
17/12/23
Lost Nuggets ( 178 )
Nic Jones "Penguin Eggs" ( Topic 12TS411 ) UK, 1980
- "Canadee-I-O"
- "The Drowned Lovers"
- "The Humpback Whale"
- "The Little Pot Stove"
- "Courting is a pleasure"
- "Barrack Street"
- "Planxty Davis"
- "The Flandyke Shore"
- "Farewell to the gold"
Nic Jones: arranjos tradicionais, voz, guitarra acústica e violino, com Tony Hall ( melodeon ), Bridget Danby ( voz ) e Dave Burland ( voz ).
Produção: Tony Engle
Capa: design Tony Engle, foto Dave Peabody.
13/12/23
Jardins do Paraíso ( 82 )
Poderia e deveria ter acontecido de outra forma.
A pungente versão pop barroca de “The French Girl”, um
original de Ian Tyson e Sylvia Fricker, pede meças a uma também extraordinária
versão do tema responsabilidade de Gene Clark; a revisão em modo psych do
clássico de Dylan “Queen Jane Approximately” captada no palco do Whiskey a Go
Go em Setembro de 1966; o fuzz original de “Jack of Diamonds”; a variação
“Scottish sea shanty” de “The Bonny Ship The Diamond” ou a aproximação
angelical a “If I were a Carpenter” de Tim Hardin, permitem concluir sem
qualquer ponta de exagero e nenhuma margem de erro que os Daily Flash deveriam
ter sido reconhecidos como uma das grandes bandas a operar na Califórnia no
decorrer da primeira era do psicadelismo ( 1965 – 1969 ).
Oriundo de Seattle, o quarteto constituído por Don
MacAllister, Doug Hastings, Jon Keliehor e Steve Lalor era, um pouco à imagem
do que sucedia com os Byrds, maior do que a soma das partes. Simplificando: reunia
todas as condições para ser muito mais que uma mera nota de rodapé.
Não obstante, por vicissitudes várias comuns a muitas outras
bandas igualmente talentosas, concedamos, foi daquela forma que o tempo os
colocou nas prateleiras da história.
Em actividade os Daily Flash partilharam estúdios e palcos
com os nomes mais sonantes da época: Byrds, Buffalo Springfield, Quicksilver,
Grateful Dead, Jefferson Airplane, Rhinoceros, Moby Grape, Charlatans, Big
Brother & The Holding Company, Rising Sons , Sopwith Camel, Beau Brummels…
contudo enquanto activos vida publicaram apenas dois singles e quatro temas: “Queen
Jane Aproximately”, “Jack of Diamonds”, “French Girl” e “Green Rocky Road”.
Em perspectiva e sabendo o que sabemos hoje, qualquer uma destas
quatro gravações merecia a maior das atenções mas a sorte e o reconhecimento
não passaram por ali e a imortalidade só
chegaria décadas depois.
“The Daily Flash” reúne todas as gravações que foi possível
resgatar nos arquivos dos diversos intervenientes. Aos títulos atrás
mencionados juntam-se dez gravações de estúdio, entre elas “When I was a cowboy”, “The girl from North
Alberta”, “CC Rider”, “Violets of Dawn” ( Ian Anderson ), “Again and again”,
“Grizzly Bear”, “Let me die in my footsteps” ( Dylan ) e “Birdses” ( Dino
Valenti ).
O que se escuta em “The Daily Flash” justifica e é motivo para que se proceda à revisão da história. Porém se tal não for considerado suficiente ou pertinente, atente-se assessoriamente no álbum homónimo que os Bodine ( com Steve Lalor e Jon Keliehor a bordo ) publicaram na MGM em Setembro de 1969.